Por iniciativa do vereador Vado Malassombrado (DEM), a Câmara Municipal de Salvador aprovou, na sessão ordinária do dia 26 de abril, o Projeto de Indicação nº 287/2017 que oficializa o primeiro circuito de Carnaval alternativo da Cidade Baixa, que na prática existe há mais de dez anos. Ele sugere uma “justa homenagem ao saudoso Manoel Fernandes Passos Barreiro, conhecido na Península Itapagipana como Fernando Cordeiro”.

Frisando que a comunidade do bairro da Ribeira está saudosa do seu filho, autêntico folião, e agradecida pelo que fez pela região, Vado Malassombrado justifica: “Buscamos, com a oficialização do Circuito Fernando Cordeiro, manter acesa na lembrança dos Itapagipanos a figura de uma pessoa que tinha a alegria estampada no rosto e o amor por Itapagipe cravado no coração”.

Apelido

O espanhol Manoel Fernandes Passos Barreiro, nascido em 25 de abril de 1935, conhecido na Península Itapagipana como Fernando Cordeiro, chegou à Bahia em 1949, aos 14 anos de idade, vindo da aldeia de Fraga, localizada na região de Pontevedra, na Galícia. Na bagagem muitos sonhos e uma carta de recomendação de sua mãe Maria Emília, para trabalhar na padaria Íris. Missão dada e cumprida, o jovem assim iniciou sua vida na Ribeira, exercendo a profissão de padeiro.

Como na padaria vários funcionários chamavam-se Manoel, cada uma ganhou um apelido. Assim surge “Fernando”, por causa do Fernandes. Anos mais tarde virou comerciante junto, com as Casas Cordeiro e o bar Rivera, em sociedade com seu sogro Arturo Adan Cordeiro e o cunhado Manoel Venâncio Adan Suarez.

Casou-se com a itapagipana Maria de Lourdes Adan Suarez, com quem teve 4 filhos. Por lá permaneceu mais de 50 anos, residindo inicialmente na Rua Lélis Piedade e depois na Praça General Osório. Foi presidente do Clube de Regatas Itapagipe, quando, em parceria com seu filho Cal Adan, projetou a Península de Itapagipe para o mundo através da musicalidade e do talento dos músicos baianos, especialmente da Banda É o Tchan.

O homenageado foi também presidente Federação Baiana de Remo. “Nesse esporte encontrou sua grande paixão, dedicou-se para fazer a modalidade crescer e ganhar força. Tirou vários adolescentes das drogas e por conta disso ganhou a admiração e respeito de todos eles.  Foram muitas regatas, muito trabalho para dar ao remo baiano seu merecido lugar. E assim o fez sempre ao lado do seu amigo e irmão de alma, nosso querido Antônio Carlos Freire de Carvalho, Mussura para os íntimos. Dois dos grandes responsáveis pela história do remo na Bahia”, relata Vado Malassombrado.
Fernando Cordeiro, segundo o vereador, amava a Ribeira; “Lá era seu recanto de paz e alegria e sempre muito grato ao que o bairro e a comunidade lhes proporcionaram ao longo da vida”.