Muitas cores, xequerês e agogôs tomaram conta do Plenário Cosme de Farias da Câmara Municipal de Salvador  na noite de quinta-feira (28), durante a sessão especial em homenagem ao Dia Municipal do Afoxé, comemorado em 30 de outubro. A sessão foi solicitada e dirigida pela vereadora Marta Rodrigues (PT), atendendo a uma demanda dos afoxés. Este é o terceiro ano consecutivo que Marta promove a homenagem na Casa.

“Realizamos mais uma sessão que teve o objetivo de debater e reconhecer os afoxés, também chamados de ‘candomblés de rua’, como manifestações artístico-culturais com origem nos espaços sagrados da religiosidade negra”, disse Marta. Segundo a vereadora, o Dia Municipal do Afoxé é uma forma de reconhecer a manifestação como fundamental para o processo de africanização da Bahia e de luta contra o racismo.

“Surgidos na Bahia no século XIX, os afoxés ocupam, pelo terceiro ano seguido, esse espaço institucional de poder, mostrando um pouco de sua história e a importância que tem no processo de africanização da Bahia. Eles foram e continuam sendo de extrema importância para fortalecer a nossa identidade e nossa herança ancestral, na luta pelo direito do povo negro e no combate ao racismo de variadas formas, através da sua representatividade”, declarou.

Pouca visibilidade

Ex-presidente do Afoxé Filhos do Congo, Nadinho marcou presença na sessão e criticou a pouca visibilidade dada ao movimento nas transmissões do Carnaval de Salvador. Disse, ainda, que os “candomblés de rua” não podem ficar em terceiro plano no orçamento da cultura. “O afoxé é a primeira africanização na Bahia e daqui sai para Sergipe. As televisões precisam valorizar a cultura do nosso povo, não podem deixar para trás a cobertura dos desfiles de afoxés, dando ênfase apenas ao que é comercial na nossa festa”, disse.

O diretor de Preservação do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), Roberto Pelegrino, aproveitou a ocasião para lembrar que os afoxés são considerados patrimônio imaterial pelo instituto. “Temos nos esforçado para cumprir nossas tarefas e dar a devida valorização aos afoxés”, garantiu. 

Além de Nadinho do Congo, do diretor do Ipac e da vereadora Marta, participaram da mesa da sessão a gerente do patrimônio Cultural da Fundação Gregório de Mattos, Edwin Neves;  a coordenadora da Coordenação de Articulação dos Núcleos Territoriais Estaduais (Conte), da Secretaria de Educação do Estado da Bahia, Carla Nogueira; Mãe Dulce de Oiyá e Herege Menezes, representando a deputada Fátima Nunes (PT).