Homenagem a Makota Valdina
Saberes de Makota Valdina são destacados em sessão na Câmara
Homenagem póstuma foi proposta pelo vereador Marcos Mendes

Foto: Antonio Queirós
20/05/2019 - 18:39
Makota Valdina morreu em 19 de março deste ano, aos 75 anos. Os saberes deixados pela educadora, líder religiosa de matriz africana e militante da causa negra, notadamente o combate ao racismo, foram destacados em sessão especial realizada pela Câmara Municipal de Salvador, na noite desta segunda-feira (20), no Plenário Cosme de Farias. A homenagem póstuma foi proposta pelo vereador Marcos Mendes (PSOL).
Em seu pronunciamento, Marcos Mendes lembrou da moção de pesar que fez para Makota Valdina, por conta de sua morte, e ressaltou os mandatos dos colegas vereadores que lutam na Câmara pela igualdade racial, como fazia a líder religiosa. “Conheci Makota há mais de 20 anos. Foi amor à primeira vista”, afirmou ao relembrar o primeiro encontro.
Ainda em sua fala, destacou as lutas travadas ao lado de Makota, exemplificando a que defendeu a preservação de árvores sagradas para o candomblé e que estão no trecho onde está sendo implantado o BRT. “Makota Valdina, presente!”, entoou Marcos Mendes ao encerrar o seu pronunciamento.
De acordo com Lindinalva Barbosa, Omorixá Oya e Agbeni Xangô do Terreiro do Cobre, “Makota foi e é uma mulher que tem a marca da diáspora e que amalgamou várias competências”. Ela destacou a força da voz da religiosa, muito à frente de seu tempo, sobretudo no combate à intolerância religiosa. Também falou da Frente Nacional Makota Valdina, que já atua no combate ao racismo.
Celebração
“Hoje estamos aqui de pé celebrando a contando a nossa história. Makota é a nossa ancestral e a ela devemos agradecer por todas as suas contribuições”, afirmou Kota Gandaleci, da Frente Makota Valdina, do Coletivo Luiza Bairros e do Programa de Direitos e Relações Raciais da Ufba. Ainda em sua fala, apontou para a existência do racismo institucional.
“O meu encontro com Valdina foi um divisor de águas, abrindo o caminho para a compreensão da religiosidade e do mundo”, afirmou Tata Landemunkosi (Landê Onawalê). Já Tata Kumbakeji (Júnior Pakapym) atentou para a responsabilidade de falar do local (a Câmara) onde Makota foi protagonista. Emocionado, já que “a saudade é grande”, pediu para lerem “os nossos livros vivos”.
“Makota era a síntese de tudo”, frisou Ailton Ferreira, ex-secretário municipal da Reparação. Ele pediu uma escola municipal com o nome da homenageada. O pleito, no entanto, lembrou Marcos Mendes, já foi apresentado pelo vereador Sílvio Humberto (PSB).
A socióloga Vilma Reis, ouvidora-geral da Defensoria Pública do Estado da Bahia, destacou que Makota Valdina será sempre bem lembrada: “Ela é escola e formou gerações e gerações, falando do seu jeito da nossa grandeza”.
A vereadora Marta Rodrigues (PT) lembrou de uma fala de Makota afirmando que todo dia é Dia da Consciência Negra. O vereador Sílvio Humberto filosofou sobre a sua morte, vendo a passagem como “uma necessidade de estar presente em outra dimensão, precisando sair da matéria para ultrapassar o tempo e o espaço, estando presente em todos os lugares”.
Já Negwa Vulasese (Angélica Pinto) falou dos ensinamentos de Makota, sua madrinha.
Washington Dias, assessor do vereador Marcos Mendes, traçou o perfil biográfico de Makota Valdina, destacando o nascimento da religiosa no bairro do Engenho Velho da Federação e a sua atuação na luta pela igualdade social e o combate à intolerância religiosa.
Antes da sessão especial, na porta principal do Paço Municipal, ocorreu um padê, ato para Nzila e Exu, abrindo os caminhos. Ainda na atividade legislativa, após a formação da mesa de trabalho, o cantor Aloísio Menezes interpretou o Hino da Independência da Bahia. Também foi exibido um vídeo com depoimentos da homenageada e o cântico da canção “O que se cala”, por Matildes Charles.
Fonte da notícia: Secom