Com mais de 100 mil trabalhadores em todo o país, cerca de 5.600 na Bahia, a empresa de serviço postal Correios está prestes a ser privatizada pelo governo federal. A ameaça, segundo Maurício Fortes Garcia Lorenzo, da Associação dos Profissionais dos Correios - Regional da Bahia (ADCAP), está deixando a categoria em pânico, diante da previsão de desemprego em massa, sobretudo nos pequenos municípios que não representam lucro para a iniciativa privada.
Ele ocupou a Tribuna Popular da Câmara Municipal de Salvador, na sessão ordinária desta segunda-feira (2), quando trabalhadores associados ao Sincotelba também se manifestaram, nas galerias do Plenário Cosme de Farias, em protesto contra a privatização. Apesar da ECT ter sido criada formalmente em 20 de março de 1969, o serviço postal brasileiro, segundo Lorenzo, existe desde 1663 e é um dos poucos serviços públicos presentes em todos os municípios, por menores que sejam.
“Os argumentos do governo federal para a privatização não se justificam, como o de extinguir o monopólio e incentivar a concorrência. A empresa é estatal, mas não dependente do tesouro nacional. E chega aos lugares mais remotos do país”, frisou Maurício Lorenzo. Ele entregou aos vereadores um manifesto contra a privatização e pediu que coloquem na pauta de debates da Câmara a discussão sobre o novo marco regulatório da atividade.

Votação na quarta

Responsável pelo convite aos trabalhadores da ECT para ocupar a Tribuna Popular, a vereadora Marta Rodrigues (PT) citou Moção de sua autoria, apresentada na Câmara dia 16 de agosto, apelando às autoridades federais pela manutenção da empresa. Além disso, ela é autora de projeto de indicação, dirigido ao governo federal, com o mesmo objetivo. O presidente da Câmara, vereador Geraldo Júnior (SD), anunciou que as duas proposições serão votadas na sessão ordinária da próxima quarta-feira (4), fazendo questão de manifestar seu apoio e solidariedade aos trabalhadores.
Solidarizaram-se com a luta contra a privatização dos Correios também os vereadores Marcos Mendes (PSOL), Sílvio Humberto, Edvaldo Brito (PSD) e Luiz Carlos (Republicanos), além da vereadora Aladilce Souza (PCdoB).