Lançamento do livro “Liberdade – Antologia Poética”
Vereador Odiosvaldo Vigas
_201771116161617027.jpg)
Foto: Valdemiro Lopes
11/07/2017 - 16:17
O Sarau de Poesia do Centro de Cultura da Câmara Municipal do Salvador, 29 junho 2017, iniciou-se faz agora cinco anos. Esta era uma aspiração nossa, desde que assumimos a gestão deste Centro de Cultura, como forma de divulgar a nossa poesia e os nossos poetas.
Florbela Espanca, uma excepcional poetisa portuguesa, nascida no final do século XIX, dizia em seus versos:
“Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!”
Hoje, fazemos aqui uma justa homenagem na forma da edição de um livro aos poetas baianos. “Liberdade – Antologia Poética”, reúne 100 poetas contemporâneos, que expressam o vigor da nossa poesia e a contínua motivação dos nossos poetas.
Homens e mulheres do nosso povo, que exteriorizam seus sentimentos com alma transparente, perspicaz e sensível. Homens e mulheres do nosso povo que, com a sua escrita, nos emocionam e nos alegram, que povoam a nossa mente de sonhos e fantasias, que nos fazem meditar e transformar, que nos animam e inspiram, em cantos de amor, de paz e liberdade.
E quando se fala em liberdade e poesia, não podemos deixar de invocar o nosso poeta maior - Castro Alves.
Com a sua poesia, denunciou a crueldade da escravidão e clamou pela liberdade, dando a uma parte substancial da sua obra um sentido social e revolucionário.
Ele que, como nenhum outro, expressou em verso a indignação de um povo, face aos graves problemas sociais de seu tempo.
Em algumas ocasiões, realizamos aqui neste Centro de Cultura, vários eventos evocativos da sua vida e obra.
No dia 6 de julho, completam-se 146 da morte prematura de Castro Alves e, vejam os senhores, a enorme atualidade da sua poesia chamada social que tinha a finalidade ostensiva de propaganda política e mesmo revolucionária. Vários poemas seus poderiam ser hoje aqui repetidos, sem perderem sua atualidade, sem perderem sua força de retrato social de um país adiado.
E por isso, nós nos perguntamos: - Que mistério faz perdurar a genialidade do poeta dos escravos, decorridos 146 anos da sua morte? Seus poemas continuam e continuarão sendo admirados, pela força da sua essência e pelo grito libertador da sua mensagem.
Homens como Castro Alves enriquecem a cultura da nossa cidade e do nosso país. A cultura que gera conhecimento, que perpetua tradições e costumes do nosso povo.
Hoje é dia também de homenagearmos quem dedica a sua vida à defesa e promoção da cultura, do conhecimento.
O Círculo de Estudo, Pensamento e Ação (CEPA) é uma instituição com objetivos educativos e culturais, que mantém uma atuação notável em grandes áreas do conhecimento como a filosofia, teologia, literatura e nas artes em geral. Na comemoração dos seus 66 anos de existência, torna-se necessário em nome do Centro de Cultura da CMS, deixar aqui o nosso MUITO OBRIGADO, por todo o trabalho realizado. Não é fácil manter a cultura viva e atuante. Nós sabemos isso. Não é fácil manter uma instituição no âmbito da atividade cultural durante 66 anos. Só com muito empenho, dedicação e superação de todos os seus colaboradores.
Queremos homenagear hoje esta instituição, na pessoa do seu fundador e presidente, o professor Germano Machado (para quem peço uma salva de palmas).
Este é um daqueles casos em que a instituição se confunde com o seu fundador. O professor Germano Machado é, sem nenhuma dúvida, um dos maiores expoentes da cultura brasileira.
Professor da UFBA e da Universidade Católica de Salvador, ele é membro de várias instituições e academias. Só para citar algumas: Academia de Letras e Artes de Salvador, Academia Baiana de Educação, Grupo de Ação Cultural da Bahia, União Brasileira de Escritores, etc, etc.
Como presidente do CEPA, o professor Germano Machado, tem desenvolvido um trabalho que nos orgulha a todos, promovendo não só atividades culturais, sociais e recreativas, mas também cursos, palestras, conferências, pesquisas, projeções de filmes, exposições culturais e atividades científicas, filosóficas, teológicas, de artes eruditas ou folclóricas. Para além disso, o CEPA realiza ainda a edição de livros, jornais, revistas e outras publicações.
No dia 28 de Maio, o professor Germano Machado completou 91 anos. Apesar da idade, a sua atividade não diminui e continua a nos oferecer o seu conhecimento, a sua determinação e o seu exemplo. Desejamos que por muitos anos ainda, o CEPA e a cultura soteropolitana e brasileira, continuem a beneficiar dos ensinamentos do nosso professor Germano Machado.
O Centro de Cultura de Salvador, completou no dia 13 de junho, 10 anos de existência. A nossa cultura é rica e diversificada. Este é um Centro da Cultura e das artes, mas também das ideias, dos comportamentos, dos símbolos e práticas sociais.
Lembramos Candido Portinari, com o seu quadro “Os retirantes”, que mostra em sua tela uma realidade social que a maioria parece não querer ver, com uma intenção clara de denúncia social, problemas de miséria, ignorância, opressão nas relações de trabalho e apresentando a força da natureza sobre um homem completamente desprotegido.
E na mesma linha do Retirante, (o nome que é dado à pessoa que abandona a sua terra devido à seca e à miséria em busca de um melhor local para viver), Luiz Gonzaga criou essa canção “Asa Branca” que, num jeito mais popular nos fala da mesma realidade: A seca no Nordeste brasileiro que pode chegar a ser muito intensa, a ponto de fazer migrar até mesmo essa ave chamada asa-branca. Este tema, tão conhecido do povo brasileiro, completou agora 70 anos. Recordamos um pequeno excerto :
“Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Depois eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração.”
Mas o Centro de Cultura também é local de debate de ideias, de intervenção, de história. Lembramos aqui que, no próximo domingo, comemoramos a independência da Bahia.
É importante conhecer e divulgar esse património histórico, recordando que no dia 25 de junho de 1822, Cachoeira foi palco das primeiras lutas da guerra de Independência do Brasil, que se estenderam até 2 de julho de 1823, o que rendeu à cidade o título de Cidade Heroica e ao estado da Bahia a condição de autonomia diante da Coroa Portuguesa.
Por isso, minhas senhoras, meus senhores, queremos expressar nossa convicção de que o Centro de Cultura de Salvador, continuará aberto a todos os que se sensibilizam com a cultura e o conhecimento.
Ao terminar, gostaria ainda de salientar e agradecer a belíssima capa do livro “Liberdade – Antologia Poética”, da autoria do artista plástico Menelaw Sete, o excelente prefácio do professor Germano Machado e o belíssimo texto de orelha da professora Leda Jesuíno, professora emérita da UFBA e Presidente de Honra da Academia Baiana de Educação.
A todos o nosso muito obrigado. E a todas as senhoras e senhores aqui presentes, muito obrigado pela vossa presença e por terem aceite nosso convite.
Muito obrigado.
Vereador Odiosvaldo Vigas (PDT) é gestor do Centro de Cultura da Câmara Municipal de Salvador
Fonte da notícia: Secom