Empoderados, negros se unem contra marginalização na sociedade
Sessão especial foi proposta e presidida pela vereadora Ireuda Silva

Foto: Antonio Queirós
29/11/2018 - 21:00
O “Combate à Marginalização do Negro na Sociedade” foi tema de sessão especial na tarde de quinta-feira (29). Com o Plenário Cosme de Farias lotado, os integrantes da representativa mesa da solenidade lembraram casos pessoais em que foram alvos de discriminação, exigiram igualdade de direitos e destacaram a importância da união e da resistência para superar as barreiras impostas pela sociedade.
Propositora do debate, a vice-presidente da Comissão da Reparação da Câmara, vereadora Ireuda Silva (PRB), fez de questão lembrar as dificuldades históricas enfrentadas pelo povo mais carente de Salvador. A legisladora conclamou negros da cidade a abraçarem a causa. “Essa discussão envolve inteiramente essa massa, que domina esse estado, mas não da maneira correta. Se somos a maioria, está conosco uma força que não precisa ser imposta. Precisa ser conquistada. Essa é uma luta de cada um de nós, que tem que sair daqui com esse compromisso”, afirmou.
Ireuda Silva demonstrou encantamento quando falou sobre a representatividade da solenidade. “Meu Deus, olhem essa mesa. Estou extremamente feliz. Vejam que privilégio é estar aqui para participar dessa sessão especial”, elogiou.
À margem
A secretária municipal da Reparação, Ivete Sacramento, elogiou Ireuda Silva pela realização do debate na Câmara de Salvador. “Ela foi muito corajosa ao propor um evento com esse título. Todos nós, que estamos aqui, representamos a resistência negra no nosso país. Cada um com a sua luta. Nós não somos marginais, somos a maioria da população. Só em Salvador somos 82%. Temos que perseguir ser 82% em todas as instâncias. Não vamos nos contentar com menos e não vamos retroceder”, declarou.
Se os militantes históricos, com trajetória de luta por igualdade, mandaram seus recados de forma incisiva e marcante durante a sessão especial, uma das declarações mais emocionantes da solenidade ficou por conta de uma adolescente. Moradora do Bairro da Paz, Jeane Santos, de 17 anos, estudante do Colégio Estadual Mestre Paulo dos Anjos, fez um relato maduro sobre as poucas oportunidades para o povo negro.
“Muitas vezes, nós estamos sendo marginalizados e não percebemos ou não fazemos nada para mudar. A marginalização não está só no mundo do crime. Nós, negros, quando vamos procurar emprego, e somos negados por preconceito do empregador, também estamos sendo colocados à margem da sociedade. Me sinto muito orgulhosa por participar de uma sessão como essa com um debate tão importante”, avaliou.
Apresentações de poesia, com Ludmila Singa, e musicais, com o rapper Luiz Melodia e com os percussionistas do grupo Tambores da Esperança, abrilhantaram a sessão especial e reforçaram, através da arte, o combate à marginalização do povo negro.
Fonte da notícia: Secom