Na audiência pública “Educação: acesso e permanência”, a Câmara Municipal de Salvador debateu temas econômicos, de saúde pública, de arquitetura e da área jurídica, mostrando, paralelamente, a importância da Universidade Federal da Bahia (Ufba) para a sociedade baiana e brasileira. No debate requerido e dirigido pela vereadora Marta Rodrigues (PT), na manhã desta quinta-feira (31), no auditório do Anexo Bahia Center, também houve crítica para o contingenciamento de recursos federais para as universidades e preocupação com o “processo de desmonte” das instituições de ensino superior.
“Estamos aqui, em parceria com a Clínica de Direitos Humanos da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, para mostrar a dimensão da nossa universidade e para denunciar o processo de desmonte das instituições de ensino superior do Brasil por parte do governo federal”, afirmou Marta Rodrigues. A vereadora enalteceu as pesquisas realizadas pela Ufba e pediu mais investimentos federais. 
Na exposição do professor Luiz Antônio Filgueiras, o titular da Faculdade de Economia da Ufba criticou o Programa Future-se do governo federal e que busca, segundo o Ministério da Educação, fortalecer a autonomia administrativa, financeira e da gestão das universidades e institutos federais, por meio de parcerias com organizações sociais. 
“O Programa Future-se está derrotado e é um engodo”, frisou Filgueiras. Ele informou que 37 unidades federais rejeitaram a proposta do Ministério da Educação. O especialista em Economia Política considerou a proposta privatizante e apontou para o capital financeiro como mentor da proposta. “O capital financeiro é um Deus no capitalismo”, considerou.
Filgueiras também analisou os trabalhos realizados pelas universidades públicas e pelos institutos de pesquisa. Conforme o professor, em 2018, pesquisadores brasileiros publicaram mais de 50 mil artigos. Em termos de produtividade, conforme o economista, “o Brasil ocupa a 13ª posição no mundo em termos de produção de artigos e revisões de pesquisas indexadas na Web of Science”.

Elsa-Brasil

A médica Ligia Gabrielli Fernandes falou do Elsa-Brasil, que é um estudo de coorte que visa acompanhar o estado de saúde de adultos, investigando os fatores associados ao desenvolvimento de doenças crônicas, principalmente as cardiovasculares e o diabetes. 
“O Elsa investiga a incidência e a progressão do diabetes e de doenças cardiovasculares, e seus determinantes são os fatores biológicos, ambientais, psicológicos e sociais”, informou Ligia. Atualmente, 15.105 pessoas de instituições públicas de ensino superior são estudadas pelo Elsa-Brasil, que se transformou numa plataforma de pesquisa pública aberta.
Já a advogada Thais Bandeira Passos analisou, sinteticamente, a redução da criminalidade a partir de três níveis preventivos. No primeiro, destacou a importância da educação e de outras necessidades básicas. No segundo nível, apontou para a criação das leis penais e que buscam inibir a criminalidade. No terceiro, citou o encarceramento e lamentou a reincidência do crime. “Mais leis penais e mais presídios não revolvem a criminalidade”, frisou Thais. 
O estudante de Arquitetura Gabriel Gomes falou da experiência positiva do Projeto BáKó, que tem como focos o direito à cidade e a economia solidária. “Bákó é construir junto e vem do iorubá”, informou. Ele destacou as experiências exitosas, como a fabricação de placas acústicas com materiais reciclados.
Também participou da audiência e fez parte da mesa de trabalho o advogado Yuri Brito, que abordou questões de direitos humanos.