Celebração aos 90 anos do Ile Aşé Kalé Bokùn Ver. Silvio Humbert
Sessão celebra 90 anos do único terreiro de nação ijexá do Brasil
Ilê Asè Kalè Bokun foi homenageado em sessão especial na Câmara de Salvador

Foto: Valdemiro Lopes
30/08/2023 - 10:22
Os 90 anos do Ilê Asè Kalè Bokun foram comemorados com uma sessão especial na Câmara Municipal de Salvador, realizada no dia 23 de agosto, por iniciativa do vereador e presidente da Comissão de Cultura, Sílvio Humberto (PSB). A atividade foi realizada em reconhecimento à resistência e manutenção da tradição da Nação Ijexá, Povo das Águas. Na oportunidade, o Ilê Asè Kalè Bokun recebeu uma Moção de Aplausos do Conselho Municipal de Política Cultural.
Iniciada ao som dos clarins, atabaques e cânticos ancestrais entoados pela líder religiosa do Terreiro, a yalorixá Vânia de Oyá, a sessão foi regada a muita emoção e encontro do povo de santo.
O anfitrião da noite, Sílvio Humberto pediu um momento de silêncio em memória de Bernadete Pacífico, líder religiosa e quilombola assassinada no Quilombo Pitanga dos Palmares.
“Nesse momento em que perdemos uma líder quilombola de forma brutal, é um modo de reafirmar que vamos resistir. Confirmamos nosso compromisso com a ancestralidade e seguiremos resistindo até que dias melhores cheguem e a forma como nos ligamos com o que acreditamos seja a nossa força”, afirmou o vereador.
“O povo preto de candomblé está triste. O cenário ainda é de muito ódio religioso, discriminação e racismo. A irmã Bernadete é neta do Ilê Axé Kalè Bokùn, foi iniciada pelo meu tio de santo. Os governantes precisam fazer justiça com os responsáveis por esse assassinato, pela morte e perseguição do nosso povo!”, disse Vânia de Oyá.
História
O Ile Asé Kalè Bokùn tem sua história iniciada a partir do deslocamento de um núcleo de africanos da região central da cidade de Salvador para a Península de Itapagipe, no final do século XIX. Em uma dessas famílias está o senhor Severiano Santana Porto de Logun Edé, alfaiate, filho da africana, Maria Geralda, da Nação Ijeşá. Já Babalorixá, ele fundou o Ilê Aşè Kalè Bokùn no bairro de Plataforma em 20 de agosto de 1933.
A mesa da sessão contou com Doté Amilton Vodun Zoo, do Terreiro Hunkpame Savalú Vodun Zo Kwe;o babalorixá do Ilê Obá Lokê, Vilson Caetano; o egbomi Everaldo de Oxum; a Ialorixá do Ilê Axé Àse Ewá Olodumare e presidente do Conselho Municipal de Política Cultural Márcia Maria Lima, Iya Márcia de Ogum; a secretária da Assistência e Desenvolvimento Social do Estado da Bahia, Fábya Reis; o presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro; a vereadora Marta Rodrigues (PT) e a iyakekerê do Terreiro do Gantois, Ângela Ferreira.
A atividade contou ainda com a presença dos diversos líderes religiosos e representantes da sociedade civil, como Padre Lázaro; o presidente da Câmara de Patrimônio Histórico, Arqueológico e Natural do Conselho Estadual de Cultura (CEC) e babalorixá do Terreiro de Lembá, Tata Ricardo Tavares e do presidente do Conselho Municipal das Comunidades Negras de Salvador, Evilásio Bouças dentre outros.
Fonte da notícia: Assessoria do vereador