A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e vice-presidente da Comissão de Reparação da Câmara de Salvador, vereadora Ireuda Silva (Republicanos), comoveu-se com o caso do garoto afro-americano Ralph Yarl, baleado após tocar a campainha de um endereço errado em Kansas City, nos Estados Unidos. O autor dos disparos é um homem branco de 84 anos, que, após ser ouvido pela polícia, foi liberado sem pendência criminal.

“Os disparos foram totalmente gratuitos, não houve sequer um diálogo entre os dois. Racismo explícito, do tipo mais abjeto e desumano, que criminaliza as pessoas pela cor da pele. Embora tenha acontecido nos Estados Unidos, a discriminação racial, tal como a conhecemos, é uma herança da escravidão que moveu a economia mundial nos séculos passados. Além disso, o caso serve de alerta para o mundo, pois é uma amostra do que acontece com jovens negros todos os dias, seja lá, seja aqui perto de nós”, diz Ireuda.

Ainda de acordo com a republicana, “o caso Ralph Yarl deveria envergonhar quem nega ou minimiza o poder destrutivo do racismo”. E completa: “O racismo não só existe, como segrega, fere, destrói famílias, rompe laços, estimula o ódio e mata. Basta lembrarmos todas as estatísticas sociais brasileiras e vermos que elas são majoritariamente integradas por pessoas negras. Basta lembrarmos do entregador agredido e xingado na semana passada por uma racista, no Rio de Janeiro. Tudo isso faz parte da nossa realidade cotidiana, só não admite quem é intelectualmente desonesto e quer legitimar o próprio racismo”.

Entenda

Ralph Yarl, de 16 anos, foi enviado por seus pais para buscar os irmãos na casa de um amigo no dia 13 de abril, mas foi para o endereço errado. Ao tocar a campainha, o suspeito, Andrew Lester, de 84 anos, atirou em Yarl através da porta da frente. Uma das balas acertou a cabeça do adolescente, segundo a família e os advogados. Yarl recebeu alta do hospital no domingo (16) e está se recuperando em casa.