Vida do Povo Negro na Bahia em debate
Sessão especial requerida pelo mandato coletivo Pretas Por Salvador, em parceria com o Odara, foi realizada quarta-feira, 17

Foto: Reginaldo Ipê
18/11/2021 - 15:14
Na manhã de quarta-feira (17/11), o mandato coletivo Pretas Por Salvador (PSOL), em parceria com o Odara - Instituto da Mulher Negra, presidiram a Sessão Especial “Vida do Povo Negro na Bahia”. O evento aconteceu de modo semipresencial no Plenário Cosme de Farias da Câmara Municipal de Salvador.
“Para nós, é muito emblemática que essa sessão seja exatamente no novembro negro, um mês em que a gente debate a perspectiva da conscientização do povo negro, o combate e o enfrentamento ao racismo, na perspectiva de combater o racismo individual, coletivo, institucional, ambiental e do racismo religioso que nos acomete todos os dias. É uma pauta de luta e o dia de hoje se faz ainda mais importante por ser construído ao lado dos movimentos sociais”, disse a vereadora Laina Crisóstomo (PSOL).
A articuladora do Instituto Odara, Márcia Ministra, ressaltou que a sessão representou um momento de denúncia aos assassinatos que vem acontecendo nas periferias de Salvador. Para ela, grande parte desse cenário é responsabilidade do Estado, pois a própria polícia já chega nas comunidades tombando os corpos pretos.
A co-presidente da ONG ‘Tamo Juntas’, Janine Souza, falou da importância de o tema estar sendo discutido dentro da Câmara, um espaço político e de tomada de decisão, onde pode haver o apoio dos parlamentares que são comprometidos com a causa, para mudar o cenário. Ela trouxe dados que evidenciam que o crime feminicídio se dá muito mais com mulheres negras. “Quando a gente analisa a taxa de assassinatos de mulheres não negras no país, dez anos após a criação da Lei Maria da Penha, a gente encontra o crescimento de 1,7% e quando analisamos os dados das mulheres negras que foram mortas no país, esse dado cresce para 60,7%”, detalhou.
“Infelizmente a população negra é mais atingida por essa polícia letal que a gente tem hoje. Como já mencionado aqui antes, quando se inventou um crime, se inventou também um criminoso. Em Salvador, 90% das pessoas que vivem em condições de rua é negra e a cidade opera com uma necropolítica muito alinhada ao governo federal, sobretudo no retrocesso com a retirada de direitos e matança do povo negro”, disse a idealizadora do projeto Mamas Pretas, Belle Damasceno.
“Estou aqui vendo muitas mulheres, algumas certamente já avós ou mães e que podem ter perdido um de seus entes queridos, simplesmente por serem negros. Eu já tomei tanta porrada nessa vida que poucas coisas me fazem chorar e hoje me peguei em lágrimas ouvindo as falas da Sessão. Para nós, é um compromisso com a cidade, desde o planejamento da nossa campanha, essa luta pela população negra, pobre e em sua maioria feminina”, disse a co-vereadora Cleide Coutinho, ao finalizar o evento.
Com transmissão pela TV e Rádio CAM e também pelo FaceBook da CMS, a mesa da sessão foi composta pela articuladora do Odara-Instituto, Márcia Ministra; as integrantes do projeto _ ‘Minha Mãe Não Dorme Enquanto Eu Não Chegar’_, Ana Suely, Edivalda de Jesus e Claudia Gomes; o advogado e escritor, Marlon Reis; a educadora de rede estadual de ensino, Jeovane Marusia; a idealizadora do projeto Mamas Pretas, Belle Damasceno; e a advogada e co-presidente da organização Tamos Juntas, Janine Souza.
O evento contou também com com a presença de representantes dos movimentos sociais A voz do Axé; Coral de Mulheres dos Alagados; Rede Cabula Vive; As Mulheres Cabuleiras; Guerreiras da Nova República; Mulheres em Luta; Cama - Centro de Arte e Meio Ambiente; Odeart - Associação Artístico e Cultural.
Fonte da notícia: Assessoria da vereadora