O vereador e ouvidor-geral da Câmara Municipal de Salvador, Augusto Vasconcelos (PCdoB), enfatizou a necessidade de garantir a gratuidade no transporte público de Salvador para estudantes da rede pública e pessoas de baixa renda. A defesa do vereador foi feita durante sessão ordinária, no Plenário Cosme de Farias, no último dia 13. 

O pronunciamento surgiu em resposta ao recente aumento da tarifa de ônibus, elevando o valor de R$4,90 para R$5,20, bem como à solicitação de subsídio orçamentário para o setor de transportes feita pela Prefeitura de Salvador. Augusto destaca que o reajuste tarifário foi uma decisão unilateral do Executivo Municipal, sem diálogo com a Comissão de Transportes da Câmara ou com a população.

“O que está em curso, é um ataque direto aos trabalhadores e trabalhadoras desse sistema, mas é importante discutirmos também a garantia de que os estudantes, em especial, os das escolas públicas”, diz Augusto, frisando que uma parcela da população está se deslocando a pé, de bicicleta ou até mesmo deixando de ir aos lugares por não ter condições físicas ou para pagar a tarifa reajustada. “Salvador virou uma cidade de andarilhos”, disse Vasconcelos.

O vereador diz que a capital baiana lidera o ranking da tarifa mais cara do Nordeste e ocupa o quinto lugar em relação ao transporte público no país. Segundo levantamento realizado pelo G1, em 2022, a tarifa soteropolitana já era a mais elevada entre as capitais nordestinas, com o valor de R$4,90.

“Precisamos assegurar que todas as pessoas tenham a condição de acessar os ônibus de nossa cidade. O que temos visto nos últimos anos é que nosso sistema está entrando em colapso e, em parte, a responsabilidade também é da Prefeitura”, complementou.

Avaliação

Diante do cenário com ameaça de greve dos rodoviários, aumento de tarifa e subsídio ao transporte, o vereador expressou seu desacordo com a afirmação feita pelo prefeito Bruno Reis, que sua administração está tentando fornecer “apoio emergencial ao sistema”. Augusto diz que a Prefeitura atua apenas como mediadora entre a classe trabalhadora e a classe patronal.

O vereador avalia que “o modelo de concessão estabelecido pela Prefeitura foi desastroso, pois privilegiou a lógica da arrecadação em detrimento do melhor serviço para a população. O fato é que esse modelo está em colapso e não podemos ficar apenas com soluções emergenciais sem um debate mais amplo sobre o futuro do sistema de ônibus”.

Vasconcelos argumenta que o transporte público deve ser considerado um direito dos cidadãos e não apenas um serviço a ser prestado à população. Como ouvidor-geral da Câmara, encaminhou ofícios à gestão municipal, questionando a extinção de várias linhas de ônibus em Salvador. 

“Tenho recebido diversas queixas das pessoas sobre a extinção de linhas em vários bairros e a ineficácia do BRT. Enquanto isso, rodoviários desligados da CSN até hoje não receberam verbas rescisórias e a categoria se mobiliza para garantir o cumprimento do acordo firmado com o setor patronal", diz.