Exposição “Antes que tudo acabe” reúne obras de mulheres indígenas no Centro de Cultura
Em cartaz até 29 de agosto, as artistas trazem a convergência entre a tradição e o contemporâneo através de suas memórias e vivências

Foto: Divulgação
14/08/2025 - 18:33
A partir desta quinta-feira (14), o Centro de Cultura Vereador Manuel Querino, da Câmara Municipal de Salvador, recebe a exposição “Antes que tudo acabe”, das artistas indígenas, Kalantã Bezerra e Mamirawá. As obras em exibição são a convergência entre a tradição e o contemporâneo e trazem a proposta, em tempos marcados pelo esgotamento social, afetivo e ambiental, de um retorno às origens como forma de resistência e reconexão com a terra. A exposição estará aberta para visitação até o dia 29 de agosto, de segunda a quinta-feira, das 9h às 16h, e às sextas-feiras, das 9h às 14h.
As artistas possuem um amplo repertório e referências aos povos indígenas no mundo contemporâneo, que está refletido nos elementos e simbologias incorporadas em suas obras, como nas peças de tecido tingidas naturalmente e fotografias que representam a vida das aldeias.
A estilista Kalantã Bezerra apresenta a sua coleção de trabalhos de tingimento com corantes naturais em artigos têxteis, onde transforma folhas, sementes, raízes e frutos em cores e vestuário sustentável. A sua técnica é uma herança ensinada pela sua avó e sua mãe, e suas criações, costuradas com afeto, cuidado e respeito à natureza, honram os seus ensinamentos, transformando-se em uma moda que escuta o tempo da terra e valoriza os saberes ancestrais.
Os trabalhos de fotografia de Mamirawá capturam, através de suas lentes, a representação da vida das aldeias, o retrato delicado e poderoso de comunidades que compartilham vivências, saberes e histórias. Suas imagens registram presenças, gestos e atmosferas que resistem ao apagamento, revelando através da imagem os modos de existir que ainda florescem, mesmo sob ameaças.
“Todas as cores têm uma história para contar. A minha foi criada pelas mulheres da minha vida, minha avó Lili e minha mãe Nida. Com as técnicas antigas de dar cor a tecidos de sacaria e costurar uma bela peça à mão, cada cor evoca um sentimento e uma conexão com a natureza que só podem ser alcançados por meio dos tingimentos antigos, paciência e persistência. Despertar um senso de tradição, habilidade e respeito pela mãe natureza”, expressa Kalantã.
Em junção, as obras das artistas convocam o olhar do público e os convidam a sentir suas histórias. Fazem relembrar que, antes que tudo acabe, ainda é possível reaprender com os caminhos antigos, com os ritmos da natureza e com as vozes que a modernidade tentou calar.
Fonte da notícia: Diretoria de Comunicação