Durante a sessão ordinária de segunda-feira (10) na Câmara Municipal de Salvador, a vereadora Aladilce Souza (PCdoB), líder da bancada da oposição, demonstrou surpresa com a criação da Secretaria do Mar pela Prefeitura "sem autorização legislativa". Segundo ela, apesar de ser uma iniciativa positiva, a proposta precisaria ser discutida e votada na Casa para ter legitimidade. “É uma reforma, implica em despesas, criação de cargos”, justificou. 

Em seus cinco mandatos na Câmara, Aladilce tem defendido ações voltadas ao fortalecimento da chamada economia do mar, baseada no potencial econômico da Baía de Todos os Santos. Ela lembrou que a Prefeitura já contou com uma Coordenação de Apoio à Pesca e Aquicultura, instituída em 2008 a partir de uma proposição de sua autoria, mas posteriormente extinta pelo ex-prefeito ACM Neto. 

A vereadora também fez um alerta: “Estamos às vésperas de iniciar o processo de revisão do PDDU, um dos maiores desafios que temos pela frente. Não podemos esquecer que foi justamente por meio do Plano Diretor que a Prefeitura e seus aliados nesta Casa flexibilizaram os gabaritos, permitindo à especulação imobiliária erguer esse paredão que estamos vendo crescer ao longo da orla. Os casos da Praia do Buracão, Jaguaribe e Stella Maris são emblemáticos dessa verticalização desenfreada, que precisa ser estancada. Em vez de espigões, nossa orla pode abrigar eventos náuticos e outras iniciativas que valorizem e preservem a zona costeira, com destaque para a Baía de Todos os Santos”.   

Investimento sustentável 

Para Aladilce, investir no mar de Salvador não se resume a obras físicas, mas envolve, principalmente, a proteção e gestão sustentável da Baía de Todos os Santos e da Orla Atlântica, enxergadas como motores de desenvolvimento socioeconômico. 

Entre as sugestões apresentadas por ela para dinamizar o setor, estão a implantação de infraestrutura náutica, incentivos ao turismo de base comunitária nas ilhas da baía e medidas de preservação ambiental da costa. 

“A Baía de Todos os Santos é um patrimônio estratégico e é fundamental que o poder público invista na área náutica de forma planejada e sustentável. Salvador tem uma vocação natural para esse setor, e isso pode gerar empregos, promover o turismo e fortalecer sua identidade marítima”, defendeu. 

A líder da oposição também reforçou a necessidade de políticas públicas que aliem desenvolvimento econômico e conservação ambiental, transformando a Baía de Todos os Santos em um vetor de progresso para a capital baiana. Para isso, segundo Aladilce, todas as intervenções devem ser precedidas dos devidos estudos de impacto antes da implantação.