A Câmara Municipal de Salvador sedia a exposição “Cosme de Farias 150 anos”, em homenagem a um dos mais importantes nomes da história política e social da Bahia. Em cartaz no Centro de Cultura Vereador Manuel Querino, reúne informações sobre sua trajetória e obras de artistas soteropolitanos. A ideia dos organizadores é reforçar o apelo por um memorial permanente no Centro Histórico de Salvador e reconhecimento oficial do Guinness World Records.

Aberta no dia 2 de abril, data em que o homenageado completaria 150 anos, a mostra segue até 16 de abril, com visitação de segunda a quinta-feira, das 9h às 16h; e, às sextas-feiras, das 9h às 14h.

Uma das organizadoras da exposição, Creusa Carqueja, neta adotiva de Cosme de Farias, reforça a importância de manter viva a memória do “advogado dos pobres” e ex-vereador de Salvador: “Essas peças que hoje estão aqui expostas têm muita importância e deveriam ficar expostas permanentemente. O objetivo é que as pessoas não deixem morrer o legado e saber quem foi Cosme de Farias”, afirmou.

Com o desejo de eternizar esse legado, os organizadores da mostra mobilizam esforços para a criação de um memorial permanente no Centro Histórico de Salvador. “Ele chegou ao Pelourinho com 17 anos e saiu daqui aos 97, carregado pelo povo. Foi o maior funeral que a Bahia já viu, com quase 100 mil pessoas acompanhando o enterro”, relembra Creusa, afirmando ainda que Cosme de Farias havia sido eleito pela última vez aos 91 anos, totalmente lúcido, e era o parlamentar mais velho do mundo.
Em busca de reconhecimento oficial do Guinness World Records, Creusa afirma: “Cosme de Farias foi o homem que mais impetrou habeas corpus no mundo. Peço aos historiadores da Bahia que não deixem morrer sua história. Vamos juntos conseguir provas para que ele seja o primeiro baiano no Guinness”.

Sobre Cosme de Farias

Poeta apaixonado por Castro Alves, autor de hinos dedicados a categorias como jornalistas, enfermeiras, taxistas e policiais militares, Cosme de Farias era também conhecido por sua atuação jurídica em defesa dos injustiçados, dedicou sua vida à luta contra o analfabetismo, à defesa dos direitos dos mais pobres e à promoção da justiça social.  
Foi advogado provisionado (rábula), jornalista, poeta e político. Com uma atuação destacada em defesa das causas populares, fundou em 1915 a “Liga Baiana Contra o Analfabetismo”, que funcionou até a década de 1970, publicando cartilhas e mantendo escolas para a população mais pobre.  

Como jornalista, atuou em diversos veículos da imprensa baiana entre os anos de 1894 e 1972, como o Jornal de Notícias, Diário de Notícias, Diário da Bahia, Gazeta do Povo, A Bahia e Diário da Tarde.

Na política, foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 1914, com mandatos sucessivos. Também exerceu diversos mandatos como vereador. Quando faleceu, em 1972, aos 97 anos, ainda ocupava uma cadeira na Assembleia Legislativa da Bahia.  

Cosme de Farias hoje dá nome a um bairro, escolas, comendas, auditórios e ao Salão Nobre da Câmara Municipal de Salvador, mas, segundo a neta Creusa, ainda falta um espaço dedicado exclusivamente à preservação da memória desse símbolo de resistência, justiça e compromisso com o povo baiano.