Salvador precisa de um choque de desenvolvimento social e econômico
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Foto: Antônio Queirós
10/02/2017 - 15:28
Salvador, cuja população negra representa 80% de sua totalidade, continua no topo do ranking das capitais com mais desempregados do Brasil. Em pesquisa divulgada no dia 27 de janeiro, o Dieese informou que o índice de pessoas sem trabalho – seja com carteira assinada ou não - subiu de 18,7%, em 2015, para 24,1%, em 2016. Significa um total de 456 mil pessoas desempregadas e um aumento de 111 mil de 2015 para ano passado.
Embora os índices envolvam todas as esferas sociais, o cenário revela um dado assustador: dos 456 mil desempregos, 432 mil são negros, ou seja, 94,7%. Uma clara demonstração de que o desemprego em Salvador tem cor e gênero e vem sendo acentuado pela política gentrificadora e elitista da atual gestão municipal.
Para quem vive o dia a dia da cidade, o aumento era de se esperar. Com cerca de três milhões de habitantes, Salvador é uma das poucas que não têm uma política municipal de geração de renda e emprego. O atual prefeito parece fazer vistas grossas, culpando outras gestões por um problema que já poderia ter sido amenizado.
Como se não bastasse o desinteresse em tirar a cidade desse ranking, a prefeitura montou um aparato com guardas municipais e fiscais para impedir a atuação de ambulantes e vendedores de rua em diversos pontos de Salvador. Trabalhadores que por muitos anos tiraram o sustento de suas famílias com essas atividades e que não encontram outra alternativa oferecida pela prefeitura.
Outro ponto relevante de análise é que o desemprego na capital baiana atinge em sua maioria as mulheres negras, que equivalem a 54% do total de desempregados. Podemos dizer que a mulher negra é a menos procurada, desejável e empregada no mercado de trabalho e sofre com dois tipos de preconceitos articulados: gênero e raça.
Muito se pode fazer para diminuir este número e dar início a um processo de inclusão social, mas para isto é preciso que Salvador tenha uma gestão com políticas públicas de geração de trabalho, emprego e renda. Precisamos ultrapassar a ideia de que a cidade vive da economia ligada ao turismo.
Nesse contexto, iniciei o ano apresentando o projeto de indicação ao prefeito para que se institua a política municipal de economia popular solidária. Considero que este é um ponto central na geração da renda, inclusão socioprodutiva e no fortalecimento de práticas. Espero que possamos melhorar esse cenário de desemprego em Salvador, cidade que precisa de um choque de desenvolvimento social e econômico. É essencial um plano de sustentabilidade socioeconômica e dinamização do mercado local, ponderando as diversas práticas a exemplo das finanças solidárias, redes de produção, comercialização e consumo.
* Marta Rodrigues é vereadora pelo PT
Fonte da notícia: Secom